cortei o cabelo. não do jeito que eu gosto, mas daquele outro que me deixa com cara de boazinha. detesto. os homens perdem o medo de mim. mas já entendi que pra morar na roça, preciso abrir mão de certas coisas.
renunciar a ela é terrível. ela é o máximo, ela acontece. mas você sabe como sou, tento fazer a outra acontecer de uma maneira diferente.
no obscuro, no infamiliar. a outra é mais frágil, todo mundo quer estar perto. ela tem cabelinho chanel e gosta de agradar. mas sem sorrir muito, meio sem lugar. um jeitinho estranho, meio sonso. meio deprimida, meio branca demais. um olhar que causa um certo desconforto nela e nos outros.
mas você sabe como sou, tento disfarçar.
já estava deitada e cheguei a acreditar no meu sono, mas bateu uma puta vontade de tomar café e escrever. querido, a melhor parte de não dividir uma casa com você é essa: eu faço as regras. pois bem, me levantei, passei um café cheiroso e abri o computador.
vim aqui te escrever que meu livro já tem capa. eu quis te contar essa novidade tantas vezes, mas só agora eu consegui levantar do meu cansaço. aquele que eu sinto quando vejo as coisas com muita lucidez, você sabe como eu sou.
estou louca pra te mostrar, mas ainda não posso. coisas de contrato, prefiro não arriscar. tá chegando a hora. tá chegando, caralho. ele é lindo, ele é provocante. o pessoal da editora mandou bem, eles são maravilhosos.
sigo sem dormir, cada vez mais presa na noite de uma cidade bronzeada. volto em breve, grande beijo.